[Poema] Esperança


Tuas palavras me aliciavam
Tornavam-me algo que não sou
No entanto dava crédito a cada afago
Palavras pictóricas queimadas no fogo
Em cima de brasas vivas...

Mantinha-te em castelo doirado
Adornada e adorada sem medida
Teu riso no altar era verdadeiro
Tua voz reverberava uma paixão sincera
Teu carinho escondido me alimentava
Não necessitava de mais nada
Somente bastava estar ao teu lado...

Desconheço em que momento te perdi
Que gestos ou que equívocos pratiquei
Hoje o vento sopra para o lado contrário
Um vento gélido que me toca a espinha
Eriça meus pêlos e minha alma
O tempo passa e me vejo refém
Refém do meu próprio sequestro...

Um prisioneiro em calabouço negro
Marcado pela solidão e o desespero
Jogado no fundo do teu pensamento
Sem saber onde ou como você está
Esquecido do teu livro chamado lembrança
Personagem arrancado da tua história...

Mas isso não acaba assim...

Nunca pode acabar dessa forma
Sem conhecermos o que nos atingiu
Sem perceber a proporção que isso machuca
Estou aqui em versos chorosos
Para te lembrar de quem fomos
Lembrar o que dividimos
Lembrar tudo que passamos...

O vento prossegue em soprar a minha face
Seu humor frio de quem vive só
A esperança reside no coração
Teimando em bater mesmo que devagar
Uma batida compassada, lenta, morosa
Tum-tum, tum-tum, tum-tum...

Comentários

Andarilha disse…
Pq???Estou sempre aqui...muitas vezes..chorando..

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