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Mostrando postagens de 2012

Um Sonho

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Não tenho muitas palavras Para ti esta noite. Se tivesse uma ao menos Diria para sonhar Sonhar cada vez maior E fundo Para poder enterrar E ninguém descobrir... Marcar num mapa O mapa do tesouro Oculto em algum lugar  Desta vasta esfera. Fizeste o conforme  Mas algum tempo depois Com o tempo correndo entre páginas Já não tinhas o mapa Esqueceste o sonho E me chamaste para procurá-lo... Fomos ao fim do mundo Entre um lugar e outro Navegamos por Veneza Em certo ponto Viajamos à África Egito foi o lugar Entre uma tumba e outra Como escavadores Nada... Nada achamos a não ser riquezas Todavia não era o que querias O que procuravas valia mais Encaminhamo-nos ao monte Everest Nunca tinha viajado de navio Mas nessa empreitada descobri Que navegar era preciso E os ventos eram diferentes Do que sentia quando estava em terra... Eras a capitã E para onde fosses eu iria Vieram tormentas e chuvas ...

Apesar de Tudo

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Essa é a magia de deixar algo escrito,  Fazer sentir que foi escrito agora... Trazer para fora sentimentos  Que são guardados no obscuro lago da inconsciência Poetas nascem com este intuito: despertar. Despertar o amor e a dor nos corações alegres e aflitos. Trazer esperança para o que padece... Acalanto para o que está só,  Num quarto de hotel,  Tendo somente um livro como companheiro... A poesia vive, apesar do mundo nos sufocar,  Ela vive, escondida às vezes, esperando ser traduzida... Esperando o momento certo de plantar um sentimento bom,  Deixar a expectativa de que as coisas são possíveis  Apesar de tudo. Uma força sobrecomum talvez, algo mágico e belo.. Escrever poemas é como construir um mundo... Vejo as folhas voando pelo meu quarto enquanto escrevo,  As palavras querem ser colhidas... Escolho as melhores que posso,  Todavia outras mais belas, shakesperianas até,  Vêm aos meus ...

O Cientista

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Queria dizer o quanto sinto Tudo que houve Estou sozinho A vida é tão difícil Que me encontro às vezes Submerso, Submerso... Ninguém sabe o quanto é raro Viver e saber que vive Ninguém sabe O que significa um minuto Para quem está à beira da morte... Cada dia eu recomeço E deixo de contar o tempo Não quero contar o tempo... Torno-me novo Um homem mais forte E também sensível Sensível ao vento Sensível à lembrança... Você dança Eu admiro Você ri Eu rio junto Saio da janela Você continua  Dançando... Vejo teu rosto Enquanto caminho no frio da noite Enquanto me aperto no casaco Mas tua lembrança é quente Dentro de mim... Como é tão... Tão... Procuro a palavra certa Que complete a frase acima Não encontro... Adorava teus olhos Aqueles grandes olhos castanhos Teu corpo enlaçado ao meu Tua mão macia acariciando a minha Na beira da lareira Enquanto ouvíamos The Scientist Você adorava ...

Memória Deletada

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Eu te lembrei hoje Era a bela jovem De seio tenro De lábios vermelhos De olhar cândido E sorriso furtivo Daqueles sempre presentes No canto da boca... Teu jeito se me apresenta Como se agora fosse Como se eu por um instante Pudesse te roubar no pensamento A lembrança vêm à tona Para a realidade Como um ato De ilusionista... No meu ouvido você diz: Onde estou na tua vida hoje? Por que sempre me esconde? Por que não me procura? Por que me ofende? Nem me defende... Que espécie de escrava sou eu? ela pergunta. Por que eu ainda vivo na tua mente? Por que não me liberta Se de fato não me quer? E eu não quero Nunca quis Mas te prendo Para saber Que por um dia te tive Que a bela morena De cabelos castanhos Lisos até a cintura Que teimava em usar aquele batom Daquele vermelho bem escarlate Que me incitava A prendê-la nos sonhos Saber que ela foi minha fantasia Da juventude... Eu não quis acordar Mas...

Véspera do Fim

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Nota: Este conto começa com uma música. Uma melodia que segue todas as linhas escritas. Eu não consegui escrever este conto ouvindo outra coisa. E quando tentava escrever sem ouvi-la, nada saia. Esta música está intrinsecamente ligada ao conto. Durante todo ele é ela que o personagem ouve. Ela me guiava na história. Seu tom é triste, assim como a vida do personagem. Se puder, ouça-a, enquanto lê. Ela se chama Time, de Hans Zimmer. Somente o som, sem vídeo. Também no transcorrer do conto há uma sensação de pés na areia, molhados pela água do mar, que vai e vem. Capítulo 1 Estava em pé. A imensa mesa vazia de pessoas em suas cadeiras infligia à sala uma atmosfera de consternação. Prosseguia em pé, com as mãos na mesa, meio curvado para frente, olhando os rostos invisíveis que estavam ali, vendo-o com inveja. Talvez pelo cargo, ou o dinheiro, ou a vida de regalias às quais eles mesmos não podiam nunca experimentar. Eram seus fantasmas agindo. O resto de luz do sol daquele fi...

Céu e Inferno

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Susana sorria com o marido dentro do carro enquanto estavam indo para a casa da mãe dela. Enquanto ele dirigia havia contado uma dessas piadas muito sem graça, mas que ela fingiu achar graça, para não deixá-lo sem graça. Cada um se respeitava desta forma, querendo deixar o outro à vontade. Não brigavam, mas as discussões eram salutares, desentendimentos eram passíveis de acontecer, mas não eram tratados como o fim do mundo. O caminho para a casa da mãe durava algo em torno de meia hora. Chegariam logo. Ela estava feliz, conseguira adiantar suas férias e poderia curtir o restante da gestação em casa. Carregava no ventre um filho de oito meses. Ele, Oscar, trabalhava como gerente de banco. O dia anterior, sexta-feira, começo de mês, era daqueles mais trabalhosos, porém ele não queria pensar naquilo. Era momento de descansar. Na casa da mãe de Susana estariam também outros parentes. Oscar estava falando sobre seu cunhado.  - Você ri porque não é contigo. Ele fica lá todo im...

[Poema] Começo, Meio e Fim

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Parte I - Uso de Rimas Sempre que eu pensava em beleza Lá estava teu rosto, límpido, brilhante Se era uma guerra eu estava sem defesa Invadiste meu forte, sem causar agravante. Outrora não havia esta saudade latente Esta busca sem freios de ver tua face Tal qual uma deusa, com poder veemente, Esperando um louvor meu, dama de classe. Esperando que meus olhos virassem chamas Que minha boca tocasse tua boca - heresia! Que minha voz erguesse em proclamas Espectativa de que saísse de minha paralisia. Como sempre se vê, num verdadeiro afeto Haverá sempre um obstáculo - impedimento Uma via monótona, um único trajeto Que desemboca amiúde em sofrimento. Parte II - Licença Poética A sensação que ainda me causa Sentir teu perfume, lembrar tua voz Mantêm-me vivo, e ao mesmo tempo Um homem sem destino, sem razão. Ter-te perdido quando estava ao meu lado Quando havíamos selado algo Que há muito desejamos Foi desespero em excelência. No momento em que nos entrega...

Abra a Janela

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Não sei porque Você carrega tanta tristeza São cicatrizes expostas Em toda esquina as vejo... Há palavras pesadas Lágrimas nos adjetivos Segredos...mas que segredos? Que tanta vida é esta, Que oculta sem razão? Que tantas cores são estas, Que esconde de si mesma? Pare um pouco com a tinta negra Cesse a dor para um riso Cesse o lamento para um predicado Aja! Faça o que tem que ser feito Não espere muito Recebo tuas cartas, sim Tocá-las posso Mas respondê-las, não... Faz bem para mim e para ti Quero que seja feliz Quero que viva intensamente Saia do quarto que te asfixia Saia dessa melancolia comprada Sem necessidade alguma Viva, querida... Abra a janela...

Titanium - David Guetta

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[Conto] Monólogo

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Nota: Trata-se de conversa entre uma personagem minha e um pequeno impulso eletromagnético. A personagem feminina narra como se a história fosse dela. Estava sentada no meu campo meditativo, quando enfim invocaram-me para um diálogo. Era um homem de cabelos grisalhos, usava uns óculos que rejuvenesciam sua feição, beirava os trinta anos de idade. Creio que ele não sabia quem era nem onde estava. Parou à minha frente. - Olá, por que paraste de escrever? - indagou o meu opositor. - Porque me faltam motivos - respondi. - Lembro-me que escrevias quando doía-te a alma. - Decerto, todavia minha alma descansa perene no vácuo. - Sentimos falta dos teus textos. - Meus textos não têm nada a acrescentar. São ilusões pictóricas. São sentimentos alheios que furto de transeuntes alienados. - Alguém específico? De quem se trata? - Segredo. Tudo que me vem a sete chaves de forma alguma é destrancado. Sou silenciosa como a morte e confiável como uma serpente, pois mesmo o a...

[Poema] Dedução

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Cai-me como chuva a necessidade De escrever sempre e sempre Poemas para que adormeças... É tão implícito, Tão inerente Que sem querer Ao falar, Ao piscar dos olhos, Ao respirar, Estou me fazendo poema Para ti... Tento manter com a alma O que quase aniquilaste. O tempo passa E cada dia Eu crio uma nova musa Todavia com os teus traços Os olhos morenos A pele castanha Estás impressa nelas Feito estigma... Minha atenção era teu brinquedo preferido... Faço um apelo como quem tem sede: Lembra-te daquelas tardinhas De conversas infinitas, Quando te ouvia Como quem ouve música. Quando o mundo era eterno, Quando o tempo Não passava de uma palavra Sem sentido algum para nós. Lembra-te. Não tínhamos ciência Do que era o tempo. Notei a presença dele Ao contar as horas Perceber os dias Sofrer os meses Em que não te vejo mais... O interesse corrompe a lei. Tínhamos uma lei, O nosso código. O qu...

[Poema] Novo Tempo

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Silêncio Palavra voraz no tempo É meu peito entristecido Mas a razão ignora... Passou Mas quem sabe volta A roda gira E gira Um momento embaixo No outro em cima Um dia volta ao começo Onde tudo fez sentido Um dia que foi claro Mas que por um breve período Tornou-se negro... Não quero mais esta cor... Adquiri um pincel novo Meu pai me deu o melhor que encontrou... Doer, dói Ferir, fere Do lamento surge um botão de rosa... A órbita da vida Como no universo inteiro Retorna ao princípio Mas e você? Estaria preparada Para desenhar comigo?

[Conto] O Louco

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Era tarde, o sol já estava se despedindo depois de mais um dia exaustivo de calor.  Labutando em seu céu esplêndido e vasto. Comecei a refletir sobre o sol. Vendo-o em sua rotação, mas quem estava em rotação era a terra não o sol. Mas da forma como eu via era o sol quem girava, isso basta. Era tarde já trocando de cor para noite. Mas o sol ainda me deixava em estado de reflexão. Meu pai deveria ser um sol. Brilhando em nossa família, alimentando-nos e nos dando o colo quente de um fim de noite, após a janta. Meu pai não poderia ser um sol à noite. Entretanto como no universo era escuro parecendo noite perene, e brilhava o sol na intensidade dos seus 5000 graus, ainda posso concluir que meu pai era um sol, para mim e meus irmãos, mesmo no escuro. Ele nos aquecia e nos alimentava, como o sol aquecia a terra e alimentava as plantas. Meu pai sendo o sol, minha mãe poderia ser a lua. Sim, a lua. Refletindo a luz dele para nós, pois ela era seu espelho. A lua girando ao redo...