Multiverso de Contos

A razão ainda é você Depois de tudo que vivemos Apesar do seu não constante Eu me lembro a cada instante As promessas trocadas Os beijos envolventes Lembro-me da canção que você amava A razão ainda é você... A vida segue o curso de forma obtusa As coisas não andam como antes Nada faz mais sentido hoje em dia Eu ainda sinto sua falta O motivo de continuar  A razão ainda é você... Eu não queria que você se fosse Nunca desejei que tudo terminasse assim Eu lutei pelo nosso amor Mas parece que você via diferente de mim As minhas palavras não te alcançavam Eu não podia te obrigar... Eu choro toda vez que sinto teu perfume Eu roubei o vidro Eu me aperto por dentro Sufoco-me... Desculpas faladas nunca resolveram Só os gestos sinceros tinha efeito Mas nem isto solucionou o caso Tenho vontade de morrer todo dia De acabar com tudo, de sumir Eu não quero mais viver Porém ao fechar dos olhos Ainda te vejo sorrindo, feliz...

Num tom semi-escuro cruzou o céu No colo quente em seguida deitou-se Veio de nem sei onde Chegou sem pedir passagem Quando vi, era como se sempre estivera ali... Por uma vereda reta eu caminhei Era um dia qualquer entre tantos Alamedas coroavam o redor Mais à frente percebi a guerra E na peleja eu estava só... Aquilo que estava no colo antes Virou fumaça quando percebi E deixei ir à vontade Para onde queria ir... Não há arrependimento em mim Ansiava ter as armas certas Eu vi através dos seus olhos Que nada vivido foi real Que aquele abraço era de contos E que suas palavras  Eram bebida que se amarga no final... Eu perdi Naquela batalha eu não tinha chance Não havia escudo, não havia espada Estava de peito aberto E sem ter para onde ir Eu cedi... Não havia propósito mais Não existiam objetivos Não havia sina que pudesse preencher Nada mais a se falar ou escrever... Restou a presença de algo que faltava F...

Falar comigo é tocar em espinhos Sou lembrança dolorosa Fitar meus olhos é sentir tudo de novo E vai machucar À medida que teus olhos vão fundo nos meus... Permita-me fazer ressalvas Não entre neste mundo Apesar de boa aparência É frio e lá habita a escuridão Lá não há alegria Lá não tem como semear Tal esperança Esta mesma que trazes na mão... Vá o quanto antes Vá para longe, o máximo que puderes E não olhes para trás Não ouses retornar Porque aqui só há pesar Agora fuja Não me olhes E não me toques... Para longe de mim há vida Não sou homem para ti Não sou digno do teu abraço Não sou o suficiente  Para dar-te felicidade... Tudo vivido já foi longe demais Excedeu em grau o perigo A partir de agora já não sei Fuja enquanto é tempo Ou arque com as consequências...

Trazem dúvidas sobre o que sinto Não sou transparente O que escrevo, escrevo Se é para tocar o leitor O que posso dizer? Traduzir coisas que nem sei? Conceituar coisas que não entendo? Somente sei descrever... Sinto pelas dúvidas semeadas Amor? Amizade? Que importa? Metade é amor A outra é amizade Os dois estão juntos Vivem na mesma casa Celebram o mesmo poema Contudo são pessoas distintas... Hei de falar de flores Como quem fala do fogo Mas este mesmo fogo Não é sublime... Hei de falar de nuvens Como quem fala do mar Mas este mesmo mar Não me serve como tapeçaria... O que posso dizer? Como discorrer? Algumas palavras beijam sinceridade Outras expelem duplicidade... Nem sei quem sou Como definir o que sinto? Se pudesse tentar mais uma vez Diria que minha poesia é variada Contém gênero e espécies E isso não é novidade Amor? Paixão? Amizade? Vida? Escolha uma! Somente uma! Cada verbo tem destinatári...

Dispo-me dos sonhos Eles nunca cobriram minha vergonha Dispo-me da esperança Pois meu futuro é negro Jovem ou velho Não importa Eu fui e serei Talvez,  Não sei. O hoje que me alegra É uma tese, Que se transforma  Em antítese Quando abro os olhos. E mais à frente Justo quando me dão Experiência Prevejo a síntese. E tudo muda Meu conceito equivocado está Meu direito, está do lado Ao lado, do lado de lá. Dispo-me Arranho-me Devoro-me tal qual leitor. Sou meus olhos Percorrendo as imagens As formas que já não entendo As letras esmiuçadas Embaçadas Que sofrem mitose Que se fragmentam ao choque Do meu olhar... Tento ver o tempo Tento ver o que está ocorrendo Faço planos Não faço Eu crio e derrubo Eu pinto e rasgo Eu corro, sem saber Mas corro. E é esta vontade de gritar De botar para fora  Tudo que aqui vive.  De explodir  E na explosão levar comigo Aqueles que es...

Ela permanece imóvel Não sabe como fazer Está sentada no banco Vendo o tempo passar Sua última conversa Não a melhor de todas Foi a que sempre evitou Foi a que lhe fez Estremecer... Não era para ser assim Onde foi que ela errou? O que fez de grave assim? Deu tanto de si Abriu mão de tanto Para perceber Que o tanto perdido É um tanto que não se recupera... Agora o tempo passa Ela não se levanta Ela não tem forças Ela está só E assim quer ficar Até quando? Quanto tempo mais? Poderá confiar novamente? Poderá deitar ao colo de outro Seus segredos? Seus sonhos? Seus devaneios? Suas lembranças da infância? O que poderia dar Que não pudesse se arrepender depois? O céu de repente De azul vira cinza E o cinza dá lugar ao negrume Ao negrume carvão Onde tudo desaparece Mas ela vê alguma coisa Que a faz sentir algo bom Algo que seu pai lhe disse um dia Que mesmo na noite mais escura Algo brilha Seus olhos são preenchidos Por lágrimas... Ela sonha de novo...

Trouxeste-me de volta Quando eu não tinha chão Quando só havia não Trouxeste-me de volta... E o que me cabia? Já dava por perdido o mundo Havia aberto mão de tudo Ninguém além de mim sabia... Matreira a vida lançou-me por terra Silêncio e ausência eram unos Para baixo pendia o prumo Vacilante eu perdia a guerra... Parecia bem, julgavam os alheios Risonho e alegre, não tinha rosto Não era eu de verdade, mas o oposto Por dentro me anulava, sem rodeio... Essas rimas frouxas Que nada explicam Prendem meu grito Algemam meu querer E como isto é meu E as palavras aqui São junções ordenadas Do que quero dizer Vou dizer sem receio Tudo o que há Sem me prender Por que me trouxeste? O que te moveu? Algo visceral? Ou talvez solene? Quiçá uma mera preocupação? E me dizes que o passado O passado é que te moveu E agora vêm uma torrente de verdades Verdades estas que eu desconhecia... E me constranges E faze-me...

Gastei meu tempo Com alguém que valeu Cada segundo... Fiz poemas e contei histórias Dividi com ela minha vida inteira Por um pouco de tempo E se outra vida tivesse Ela estaria lá... Escolhi um caminho Onde podíamos nos alegrar Seu sorriso era tudo Seu olhar o mais especial A voz maviosa era uma canção Que eu não cansava de escutar... Eu a amei Amei cada minuto que estivemos juntos Amei mais a ela que a mim Amei as viagens As mãos dadas O carinho na bochecha O afago no cabelo... Quando eu a tocava Sentia o mundo parar Seu giro rotineiro cessava Para nos admirar E era tudo que eu queria Que o mundo nos ouvisse... Amei mais a ela que a mim E me esqueci que o vento sopra Que as aves voam Que o sol se levanta e se põe E que às vezes A pessoa que a gente ama Tem que ir embora... Esqueci-me de que tudo que vive, morre E que um emblema de morte chega E nos arrebata do paraíso... Eu a amei enquanto pude Com minhas forças Com meu coração Com minha mente... Eu não entendo o porque De não termo...

Não sinto meus pés Estou subindo levemente Posso ver minha casa daqui Estou voando... E neste voo eu me domino Sei para onde vou Sei onde te encontrar Pois é você que busco... E neste voo eu sinto a brisa Fecho os olhos Sinto a essência Abro-os de novo O céu está azul Como você gosta Eu sei que você nota Nota as formas das nuvens Tem medo do escuro Mas adora o amarelo do sol Num mar de nuvens... Estou indo te buscar... Eu giro ao meu redor Brincando com as nuvens Elas formam paredes Todavia eu as ultrapasso... Estou indo te buscar... As montanhas parecem tão pequenas As casas são como aqueles brinquedos Que brincamos de construir São tão pequenas As pessoas são tão pequenas E a vastidão que este céu me proporciona Faz-me sentir imortal Faz-me me sentir que tudo posso... E eu estou indo te buscar... Encontro-te na porta Olhando-me espantada Estendo a mão Você tem medo Não se preocupe O primeiro voo é mesmo assim Você não acredita Mas vai planar no céu como eu Se acreditar... Você já ...

Hoje te solto no ar Não és pomba, nem ave Todavia sonhas, e nos sonhos voas E nos sonhos és forte como nunca foste E nos mesmos sonhos estás acima De tudo que preparei para ti... Não me arrependo de ter-te moldado Conforme minha imagem eu te vejo Os trejeitos, os olhares A maneira como movimenta a tua mão Cada detalhe eu percebo... Eduquei-te como supus ser correto Ensinei-te que ninguém pode tirar de ti Tudo que está designado em grandeza Para acometer-te... És grande... Não te ensinei a tocar instrumento algum E mesmo assim o violino te seduziu E por vezes eu só conseguia dormir Ouvindo-te tocar... Quando foi que crescestes tanto? O tempo correu depressa... Eu perdi alguma coisa? As coisas acontecem e nem notamos E quando percebemos, já aconteceram... Peço-te encarecidamente Que não te esqueças do teu pai Que o mundo não me anule em ti Espero um dia ver-te de novo Com aquele mesmo olhar de quem me pedia Para pegar biscoitos na parte alta do armário Acreditei que serias dependente ...

Algumas coisas não devem ter freios Algumas coisas não merecem julgamento Nem tudo que é mau é tão mau assim... Toda moeda tem duas faces Todo homem esconde uma. Pensei que tudo havia acabado Que meus atos haviam me matado Contudo lá estamos nós outra vez Seguindo o mesmo caminho do começo... A vida é constante Não há motivo que nos anule Não há indício de fraqueza Não há sequer muralha... Nossos inimigos estão dentro de nós Nossos sonhos são heróis O medo do fracasso é inimigo Nossa felicidade é esperança A solidão é rival Todo lado tem seu oposto Então mesmo a solidão e o medo Tem algo de bom em si... Eu tenho medo Eu estou sozinho Porém nem isto me faz menor Sou desbravador de um terreno mortal A vida é um campo de batalha Onde mesmo o receio e a solidão Surgem-me como armas... Eu tenho vontades Eu tenho paixões E isto me faz pequeno Pois minhas vontades me fazem perder E minhas paixões me deixam cego... Algumas coisas não devem ter freios Devem seguir o curso que a água toma Dev...

Eu sinto muito Não ter tido as palavras certas Elas nunca estavam prontas Quando precisaste... Eu sinto não ter sido Tudo o que sonhaste Por mais que tenhas me desenhado Eu não sou rabisco Eu sou humano E humanos sentem... Encontramo-nos à frente Depois de tudo acabado Depois de juntarmos os pedaços E prosseguirmos Vemo-nos outra vez E então percebemos Que essa distância foi uma necessidade Que aprendemos mais com o tempo Que este momento chega na hora certa E estamos juntos depois das ondas... Faz anos que tudo ocorreu E aqui estamos nós De mãos dadas, sorrindo bobos Deletando os espinhos Semeando esperanças... Teu beijo é mais vivo Teu olhar é mais bonito Teu corpo está mais belo E teu cheiro me excita Não somos os mesmos A água do rio passou E essa água que chega é diferente da primeira Uma outra oportunidade Que parece ser uma inspiração do universo Que se assemelha a duas estrelas que se colidiram Depois de viajarem a grandes distâncias Somos um choque de estrelas Somos luz, ex...

Tem muita coisa que a gente não compreende nessa vida, talvez por isso eu quis escrever este texto. Dois adolescentes estudavam juntos, desde tempos remotos. Não eram amigos, mas colegas de classe, quase nunca conversavam. Ela não gostava dele como namorado ou algo congênere. Era mais algo amistoso mesmo. Quando a aula acabava iam juntos pelo mesmo caminho, pois moravam na mesma rua. Creio que é o momento de dar descrições de suas aparências. Ela é uma garota de 12 anos, com cabelos vermelhos, bem escarlate, e de olhos azuis. Caminha devagar, pois não tem pressa de se ver livre dele, ela gosta dele, mas como amigo, friso isso de novo para não restar dúvida. Ele tem 14 anos, repetiu dois anos quando pequeno. Tem cabelo liso, castanho, penteado de lado, e usa óculos. Ele é calado, introspectivo e não liga para o que os outros dizem dele. É avesso ao mundo como se daqui não fosse, como se fosse temporário viver neste lugar. Talvez este fato de desimportância que ele tinha...

Era uma vez uma garota que achava que o mundo não gostava dela. Tinha seus dez anos. Vivia trancada no seu quarto, sem contato com o exterior. Tinha vários brinquedos, mas seu especial era um soldadinho que um primo seu lhe dera um dia. O soldadinho tinha calça azul e uma camiseta vermelha de mangas longas, um chapéu engraçado com desenhos de espadas formando um xis e carregava uma espada sem ponta. Muito parecido com os guardas reais da rainha da Inglaterra, porém de madeira. Exibia um sorriso leve, bem desenhado e os olhos atentos, porém meigos. Teve um dia que a garota estava muito triste e sozinha. E nesse dia resolveu conversar com o soldadinho como se ele fosse gente. E para sua surpresa ele lhe respondeu. Ela ficou estática. Mas ao mesmo tempo feliz. Havia alguém com quem conversar agora. Então ela contou sobre tudo o que lhe afligia. Sobre a falta de atenção que seus pais tinham por ela. Sobre sua auto-estima baixa. Sobre seu vazio interior. Despejou na mente ...