[Poema] Espólios


Num tom semi-escuro cruzou o céu
No colo quente em seguida deitou-se
Veio de nem sei onde
Chegou sem pedir passagem
Quando vi, era como se sempre estivera ali...

Por uma vereda reta eu caminhei
Era um dia qualquer entre tantos
Alamedas coroavam o redor
Mais à frente percebi a guerra
E na peleja eu estava só...

Aquilo que estava no colo antes
Virou fumaça quando percebi
E deixei ir à vontade
Para onde queria ir...

Não há arrependimento em mim
Ansiava ter as armas certas
Eu vi através dos seus olhos
Que nada vivido foi real
Que aquele abraço era de contos
E que suas palavras 
Eram bebida que se amarga no final...

Eu perdi
Naquela batalha eu não tinha chance
Não havia escudo, não havia espada
Estava de peito aberto
E sem ter para onde ir
Eu cedi...

Não havia propósito mais
Não existiam objetivos
Não havia sina que pudesse preencher
Nada mais a se falar ou escrever...

Restou a presença de algo que faltava
Ficou o sabor não experimentado
Permaneceu na mente a voz muda...

Por fim, naquela guerra
Ante o ciúme e a displicência 
Eu cedi
Restaram aos adversários os espólios
De algo que não consegui...

Comentários

Anônimo disse…
Tudo o que eu sei é que é realmente uma pena que já não escrevas.

Postagens mais visitadas deste blog

[Poema] Tempo

[Poema] Antítese