[Poema] O Garoto

Onde estão os livros que escrevi?
Onde foram parar as poesias que ensaiei?
E os sonhos que na juventude nutri?
O que poderia ser jamais saberei.

Era um garoto dividido em si
Tranqüilo e tímido
Covarde, nunca entendi
Jogava com os sentidos,
Mas sabia o que era o bem.

Pensava em ser escritor
Criar personagens e coisas afins
Expressar bem alegria e dor
Mas nunca conseguia chegar ao fim.

Depois de um tempo...

A poesia veio numa fase primaveril
Não sabia que existia em minha mente
Achava-a um tanto quanto pueril
Entretanto já era a semente.

Na sala de aula aflorou
Palavras e rimas saíam aos montes
Jorravam versos de conflito e amor
Pensei que nunca iria secar a fonte.

Porém secou, por um momento achei
Que era tolo e ninguém leria
Páginas e páginas nas chamas queimei
Doravante a poesia escrita morria.

Revoltei-me com afinco contra mim
Não havia sentido viver a vida
Quis por um termo enfim
Rasgar de vez do meu peito a ferida.

Queria morrer, sem entender o processo
Alguma coisa dentro que não eu
Invejava-me, corroía-me, eis o verso
Eis a luta que minha mãe não leu.

Ocultava de todos a batalha interior
Viam-me, falavam comigo e não percebiam
Com o passar do tempo ficou pior
Acaso morresse minha falta nem sentiriam.

Evadi-me de todos, de tudo
Mas não de mim, eis o problema
Por mais que estivesse fora do mundo
Manifestava-se o dilema.

Ser comum, ser popular
Não sabia o que desejava ser
Tentei em vão procurar
Mesmo assim não sabia o que fazer.

Só queria ser eu, assim
Mas não me entendia
E padecia
Tanto noite quanto dia
Numa desordem sem fim.

Meu oponente estava perto
E pensava que eu era mais esperto
Mas defrontava-me com algo além.
O futuro é incerto
Porém verei se acerto
Minha vida a mim pertence, a mais ninguém.

Comentários

Andarilha disse…
nem sempre é assim........

Postagens mais visitadas deste blog

[Poema] Tempo

[Poema] Antítese

[Poema] Espólios